As grandes reformas (sobretudo as de 1991) fizeram deste país uma economia de rápido crescimento. No entanto, ainda existe muita pobreza, com tudo o que lhe está associado (analfabetismo, doença, etc.). Verificou-se também um enorme aumento da população urbana. As três principais cidades (Bombaim, Deli e Calcutá) registavam mais de 10 milhões de habitantes no princípio do século XXI, enquanto que no final da década de 2000, a população das três cidades já subira para 31 milhões. Apesar do enorme urbanismo, cerca de 70% da população ainda vive em áreas rurais.
O crescimento económico da Índia é actualmente um dos maiores do mundo, fazendo parte dos designados países emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mas as infra-estruturas são ainda muito insuficientes, o país tem uma pesada burocracia, o que sufoca a economia e impede o desenvolvimento do seu potencial económico.
Sendo o crescimento muito elevado nos últimos anos, a “Economist Intelligence Unit” considera que o crescimento real do PIB (na base das despesas) desapontou em 2012/2013 (ano fiscal Abril/Março), nomeadamente devido ao abrandamento do consumo privado, mostrando as recentes vendas de veículos e vendas a retalho que o consumo privado deverá continuar fraco no resto do ano. O crescimento do consumo privado deverá desacelerar de 5,5% em 2011/2012 para 4,1% em 2012/2013. As estimativas da EIU vão no sentido de, na base das despesas, o PIB ter aumentado 3,3% em 2012/13 (ano fiscal). Mas ao custo dos factores o PIB desacelerou apenas para 5,2% em 2012/13, sendo as previsões de uma ligeira retoma para 6,5% em 2013/14 e 7,3% em 2014/15. Todavia, a EIU considera que este crescimento é muito abaixo do potencial.
As relações internacionais entre a Índia e o Paquistão registaram um ligeiro degelo no ano passado, pelos modestos progressos verificados na liberalização do movimento de pessoas e bens entre as fronteiras. No entanto, um surto de confrontos fronteiriços em Janeiro de 2013 na disputada região de Kahsmir (que quer a Índia quer o Paquistão administram em parte, mas reclamam na totalidade) sublinhou a natureza difícil do relacionamento bilateral. No período 1013/17 os problemas de política interna continuarão a preocupar os líderes dos dois países, ensombrando as perspectivas de compromissos. A Índia poderá ter um papel mais importante no Afeganistão, particularmente depois da retirada das forças internacionais deste país em 2014. O aprofundamento das ligações entre a Índia e o Afeganistão é vista por muitos paquistaneses como uma ameaça ao seu país, aumentando as possibilidades que alguns elementos no Paquistão procurem desestabilizar a Índia. Contudo, as relações indo-paquistanesas deverão continuar estáveis, em geral, sem explosões de hostilidades, nem rupturas significativas. Quanto às relações entre a Índia e a China, deverão permanecer calmas. Os laços económicos e comerciais têm-se fortalecido, mas os obstáculos permanecem à medida que as relações entre os dois maiores países da Ásia se intensificarem. Entre as fontes de tensão, contam-se a concorrência pelos recursos naturais, as tentativas para o aumento da influência estratégica nos países vizinhos e disputas fronteiriças de longo prazo. Estes aspectos poderão ensombrar as tentativas para desenvolver uma confiança mútua e expandir o comércio bilateral da Índia no período 2013/17.
No sector externo indiano, as estimativas da EIU (com base nos dados do banco central da Índia) vão no sentido de um aumento do défice da balança corrente para 4,8% do PIB em 2012, comparados com uma anterior estimativa de 4,4%, considerado o maior défice alguma vez registado. Todavia, de acordo com a mesma fonte, este défice deverá diminuir gradualmente até 2,5% do PIB em 2017, tendo em atenção que haverá um acréscimo dos excedentes na balança de serviços e transferências. A estimativa para o crescimento das importações da Índia é de 13,6% ao ano entre 2013 e 2017; para as exportações a estimativa é ainda superior, 16,8% ao ano. Contudo, dado que a base das importações é muito superior à das exportações, o défice em 2017 será mais elevado do que foi em 2012. As exportações de serviços deverão manter o seu importante papel no comércio externo indiano, uma vez que o “outsourcing” das tecnologias de informação e “business process” (terceirização de áreas de negócio) continuará a ser chamariz para as empresas do Ocidente. O défice dos rendimentos será superior ao que era anteriormente, dado que o repatriamento dos lucros das empresas estrangeiras que operam na Índia deverá aumentar. O excedente das transferências aumentará entre 2012 e 2017, tendo origem este aumento nas remessas dos indianos que trabalham no estrangeiro.
Toda esta informação, que parece excessiva, destina-se a fundamentar a motivação das empresas para encetarem negócios na Índia, porque as oportunidades existem em muitas áreas, nomeadamente para os produtos portugueses de qualidade, destinados à satisfação das necessidades crescentes de uma classe média emergente, quer no que se refere a exportações quer na internacionalização através do investimento directo. Aliás, regista-se que a Índia continua a atrair investimento estrangeiro de todo o mundo, mas este mercado está também aberto a exportações, como se pode aferir através da sua alargada base actual de importações.