Nos dias de hoje, o conhecimento das bases da economia mundial é essencial para quem está numa PME, porque é sabido que poucas empresas conseguem trabalhar somente para o mercado doméstico, internacionalizar é preciso. Nesse sentido, abordar o tema EUA-CHINA vem a propósito, no momento em que o mundo se movimenta rapidamente.
A
primeira previsão que se destaca é que, em 2050, 66% da população
mundial viverá em cidades. Refira-se que em 2016 cerca de 54% da
população mundial já vive em áreas urbanas. A importância desta
previsão é que se torna necessário que a gestão das áreas
urbanas assuma um lugar essencial no mundo de hoje, o que vai
tornar-se um desafio no século XXI. O sucesso ou fracasso da gestão
urbana será um factor importante da agenda dos governos e também
das instituições internacionais. As mega-cidades com mais de 10
milhões de habitantes estão a crescer em número. Em 1990 dez
mega-cidades tinham 10 milhões de habitantes ou mais, para 2030
prevê-se que sejam 41 as mega-cidades com mais de 10 milhões de
habitantes. Tóquio continua a ser a cidade mais populosa, com 38
milhões de habitantes, seguindo-se Deli, 25 milhões, Xangai, 23
milhões, Cidade do México, Mumbai e São Paulo, 21 milhões em
cada, Pequim, 21 milhões, e Osaka, 20 milhões. As áreas de Nova
Iorque e Cairo completam o Top Ten, com 18,5 milhões de habitantes
em cada uma delas. Prevê-se que em 2030 Tóquio continue a ser a
cidade mais populosa, mas terá um pouco menos habitantes, cerca de
37 milhões, seguindo-se Deli, com 36 milhões. Osaka e Nova Iorque
eram em 1990 a 2ª e 3ª cidades mais populosas, mas em 2030 terão
lugares mais modestos, 13º e 14º respectivamente. As cidades que
irão crescer mais serão as dos países em desenvolvimento.
Quanto
ao mundo económico, ele está nos dias de hoje divido da seguinte
forma, em termos essenciais: EUA e Europa Ocidental procuram capital,
têm dinâmicas de mão de obra debilitadas (sobretudo pelo
envelhecimento da população), e têm o controlo do monopólio
tecnológico a enfraquecer. Os países Restantes, como começam a ser
designados, liderados pela China, mas havendo vários a emergir, têm
dinheiro nos bancos, um panorama de mão de obra a fortalecer-se, e a
determinação para a liderança tecnológica. Como poderá ser o
mundo económico daqui a 30 anos? Existem quatro cenários para o
eixo China-EUA (fonte: “A Decadência do Ocidente”, Bertrand).
Cenário
1 – Status Quo
Se
nada acontecer e as mudanças estruturais mantiverem o caminho
actual, os EUA e as economias europeias mais avançadas no desenrolar
do século XXI ficarão gradualmente na 2ª linha, embora seja
difícil de aceitar. Mas até o Goldman Sachs faz uma previsão no
mesmo sentido. Apenas os EUA ficarão entre as maiores economias. Os
outros lugares principais serão ocupados pela China, Índia, Brasil
e Rússia. Porquê? Porque estes países valorizaram o investimento
produtivo e menos o consumo. Os países ocidentais investiram muito
no “policiamento” global (ex: fiscalização das águas
internacionais, acções para a manutenção da paz, etc.). O
Ocidente desenvolveu estratégias para manter o domínio, combater os
conflitos internacionais, sustentar os seus aliados, etc. Assim, os
Restantes, aparentemente, esperaram pela sua vez, construindo
defesas, adaptando as regras das economias ocidentais e prepararam-se
para emergir.
Cenário
2 – China fraqueja
Em
2010, os EUA eram ainda a economia mais inovadora e a mais dinâmica
a nível tecnológico. Muitos analistas consideram que a China está
a emprestar o seu dinheiro, mas conseguirá fazê-lo durante quanto
tempo? Este país está assim há cerca de 30 anos, mas será
possível manter? Os analistas consideram que a superioridade não
está assegurada. Alguns rejeitam a tese do declínio americano,
porque não basta ser rico, é preciso ter democracia e liberdade.
Apesar da Ásia produzir cerca de 30% da economia mundial, devido à
vasta população, o seu PIB per capita não atinge os 6.000 dólares,
enquanto o PIB per capita dos EUA é quase 55.000 dólares. Serão
precisos 77 anos para o asiático médio alcançar o rendimento do
norte-americano, o chinês precisará de 47 anos e o indiano 123
anos. De facto, a China colocou a sua indústria a “imitar” a do
Ocidente (por ex: sector automóvel, produtos de consumo do tipo
ocidental, etc. etc.), e conseguiu ultrapassar o Japão, em 2010, ao
tornar-se a 2ª economia mundial. A menos que surgem barreiras
imprevistas (por ex: quais serão os efeitos Trump?), a China pode
vir a ganhar.
Cenário
3 – Os EUA ripostam (e a Europa também, à sua medida)
Basicamente,
os EUA irão provavelmente “arrumar” a economia interna e assumir
que os Restantes irão passar a jogar dentro das regras normais. Mas
será difícil manter os Restantes a jogar dentro das regras, devido
à possibilidade da desvalorização global competitiva, que
constitui um aviso de que o cumprimento das políticas económicas
(ex: manipulação da moeda) fogem ao controlo dos legisladores dos
EUA. Por seu lado, também o elevado desemprego norte-americano
(cerca de 45%) e contando com a grande diferença entre a remuneração
da mão de obra em domínios em que os EUA têm vantagem comparativa
global (como a tecnologia e I&D) e a remuneração inferior da
maioria da população sem competências. Além disso, esta diferença
irá aumentar. Existe ainda a dificuldade dos legisladores
enfrentarem facções e grupos de interesse diferentes que exercem
forças em direcções opostas. São apresentadas pelo menos cinco
facções que olham para a China de formas diferentes: (a) Os
democratas trabalhistas olham para a China de modo negativo, porque
consideram que esse país está a roubar postos de trabalho; (b) Os
democratas tecnológicos de Silicon Valey, com elevada formação,
estão muito interessados na China, na sua cultura, e consideram um
desafio interessante; (c) Os republicanos religiosos consideram a
China obscura e acham que viola os direitos humanos; (d) Os
republicanos que se encontram do género “à defesa”, olham para
a China como a nova União Soviética, e acham que devem estar
preparados para lutar contra ela; (e) Os republicanos dos grandes
negócios consideram a China uma óptima oportunidade por permitir
baixar os custos de produção, tendo ao seu alcance um mercado vasto
e não querem perder nenhuma oportunidade. Em suma, conforme o
assunto a abordar, estas facções alinham ou divergem. Por isso, os
EUA vacilam na sua relação com a China, o que não é benéfico
para os EUA, tendo de se referir que ainda não há possibilidade de
ver todas as repercussões neste domínio, com a entrada em funções
do novo Presidente.