Conhecemos pouco a China longínqua, mas sentimo-la cada vez mais perto de nós, pelas razões mais óbvias e pelos motivos mais ignorados. As razões óbvias, desde há muitos anos, são as lojas chinesas, as imitações de tudo o que se vende no Ocidente, mas a baixos preços, e conhecemos alguns chineses (trabalhadores inveterados) mas também, há menos anos, é bem conhecida a entrada em Portugal de grandes investimentos chineses. Do mesmo modo, quase todos os portugueses, através da comunicação social, sabem que a China se tornou uma das maiores economias do mundo; presentemente é a 2ª maior economia, quando até agora era apenas o país com a maior população do mundo. Acresce que, algumas empresas exportadoras portuguesas estão já a vender para a China, seja em início de exportação, seja com planos para futuramente exportar. Tudo isto se passa, mas torna-se cada vez mais necessário conhecer melhor um mercado que há já várias décadas está a ser trabalhado por multinacionais norte-americanas e europeias, através de marcas bem conhecidas, desde automóveis até produtos de higiene e cosméticos. Os estudos que se fizeram para penetrar naquele mercado são difíceis de conhecer, mas os percursos das principais marcas são evidentes e mostram seguramente que o mercado é como qualquer outro, ou seja, tem aspectos gerais, em que os consumidores revelam comportamentos semelhantes a qualquer consumidor do mundo, e tem aspectos específicos e locais, como qualquer mercado, e que devem ser conhecidos, antes de se pensar em vender naquele país. Claro que a entrada no mercado tem de ser planeada.
Refira-se que uma grande empresa de estudos e auditoria sediada em Londres (Ernst and Young) prevê que daqui a quinze anos (cerca de 2030) aproximadamente dois terços da população mundial de classe média estarão na Ásia-Pacífico, sobretudo na China. Presentemente com 150 milhões de consumidores de classe média, a China poderá ter mil milhões nessa altura, o que representa um mercado enorme para as empresas norte-americanas e europeias. Actualmente, o mercado chinês representa para as empresas norte-americanas à volta de 250 mil milhões de dólares. Ou seja, apostar no mercado chinês não é utopia, mas sim uma previsão baseada em dados actuais, consoante a indústria em questão.
Ora acontece que, desde a enorme crise de 2008, que para muitos analistas ainda não foi totalmente ultrapassada, a China constatou que se verificaram grandes e profundas mudanças a nível mundial que, pela sua complexidade, levam que a economia mundial esteja a recuperar lentamente e o desenvolvimento global está muito desigual, sendo que muitos países encontram dificuldades no seu desenvolvimento.
Verificando que o mundo se encontra numa nova fase de globalização, e que a própria China começou a enfrentar alguns desafios, como seja desaceleração económica, início de um tipo de economia especulativa, com bolha imobiliária e ainda créditos bancários mal parados, o governo chinês, designadamente o presidente Xi Jiping, anunciou em 2013 uma iniciativa ambiciosa chamada
Uma Faixa Uma Rota e a Nova Rota da Seda Marítima do Século XXI.