Um dos parágrafos da página 4 desse suplemento tem um subtítulo interessante, "No Diversificar é que está o Ganho". Refere esse parágrafo, por exemplo, que "O bom desempenho das exportações nacionais tem sido conseguido à custa da aposta em novas latitudes e os Estados Unidos da América, China, países da América Latina e algumas ex-colónias, como Angola e Moçambique, apresentam-se como mercados fulcrais para combater a estagnação de consumo vivida dentro do espaço europeu". Ora, digo eu, isto vem a ser dito há muitos anos e não há dúvida que "mais vale tarde que nunca". Veja-se que, a não ser o PALOP Angola, que se tornou em poucos anos um dos principais parceiros comerciais de Portugal (4º lugar nas exportações em 2011), todos os outros mercados mencionados são ainda muito fracos e os mercados europeus estão mesmo a regredir. Por exemplo, falar no mercado China é importante, mas os exportadores portugueses ainda não sabem, com relativa precisão, como exportar para lá. Os EUA estão longe de alguma vez terem sido plenamente aproveitados, mas para este país já as PME sabem exportar. Quanto aos países da América Latina, ao contrário de Espanha que sempre se preocupou com esses mercados (é claro que a língua teve influência), Portugal esteve demasiado tempo de costas voltadas, mesmo no caso do Brasil, um importante país da CPLP. Acresce que os mercados da América Latina, que se encontram em expansão, estão muito ávidos de investimento estrangeiro e o que a nós neste momento mais nos interessa para as PME são as oportunidades de exportação.
Assim, vou passar a analisar um pouco o andamento das exportações nos últimos dez ou onze anos para os tais mercados da chamada diversificação: os EUA em 2001 representavam 5,5% das exportações portuguesas e, em 2011, a quota desceu para 3,5% (este mercado já existe para Portugal há muitos anos, mas não tem sido bem trabalhado pelas empresas, pelo facto de ser mais difícil e afastado do que os mercados europeus, tão próximos); o Brasil era em 2001 cerca de 0,8% do total exportado por Portugal e, em 2011, de facto a quota cresceu um pouco, para 1,4%, mas poderá crescer muito mais; a Argentina foi um mercado cuja quota diminuta desceu de 0,2% (2001) para 0,1% em 2011; a Colômbia, outro mercado em expansão na América Latina, passou de uma posição tão reduzida como 0,02% (2001) para ficar praticamente na mesma em 2011 (0,03%); a Venezuela foi o único mercado da América Latina, para além do Brasil, que aumentou de uma quota de 0,1% (2001) para 0,4% (2011) ainda assim um mercado ainda pequeno; a China (mercado em expansão há já muitos anos) passou de uma quota de 0,2% em 2001 para 0,9% em 2011 o que, sendo uma quota diminuta, representou um esforço das empresas exportadoras, pouco habituadas a enfrentar mercados geograficamente afastados e diferentes. É claro que existem mais mercados para diversificar, entre eles os do Magreb (em que a Argélia, Marrocos e Tunísia cresceram em quotas de mercado, sendo embora diminutas) e do Golfo (com a Arábia Saudita a estabilizar a quota de mercado e os Emirados a aumentar ligeiramente entre 2001 e 2011). Em suma, fora da Europa e não contando com Angola, mercado que já vai no 4º lugar nas exportações portuguesas (e este sim tem vindo sempre a crescer), fora da Europa, dizia, todos os outros têm reduzidas participações relativas, o que vai exigir um esforço de prospecção por parte das empresas, de visitas a feiras e aos principais compradores, enfim, a utilização plena do marketing de exportação. Para terminar refiro que "nunca é tarde para começar ou recomeçar" e desta vez desejo que as PME não desprezem a Internet, que fez surgir novas possibilidades de aumentar os lucros da sua empresa. Quer saber como multiplicar os lucros do seu negócio?