Volta-se a falar em Angola e volta-se a falar em problemas. Admitir os problemas, conhecê-los, obter informação suficiente, tudo isto é importante, mas só na medida em que se comece de imediato a desenhar as soluções. Frequentemente, gasta-se tempo mais do que suficiente a conhecer os problemas, mas perde-se muito tempo a debater com este e aquele, por receio de mexer nas feridas mais difíceis que foram encontradas. Se para a solução desses problemas são necessários contactos com entidades exteriores à PME, então esses contactos devem ser imediatos, por difícil que seja conseguir o apoio das entidades a contactar.
Também por vezes, quando surgem problemas, a PME verifica que o seu posicionamento no mercado tem fragilidades que só vieram à tona com esses problemas, verificando então a PME que esse caso (ou seja o problema) poderia ter sido antecipado, através de uma análise prévia bem fundamentada que teria previsto tal situação e poderia ter proporcionado à PME estar antecipadamente preparada para o enfrentar. Então, aprender com os erros é mais frequente do que imagina, e um dos importantes erros é não estar sempre preparado para a acção. Na era dos estudos, fazem-se estudos somente para comprovar o que parece óbvio, sendo todavia necessário um estudo para provar ao exterior que determinada acção tem que ser feita. Sobretudo se essa acção é dispendiosa. Um grande investimento precisa de um estudo prévio. Mas o estudo não tem necessariamente que ser também muito dispendioso. O que é essencial é que tenha qualidade.
Aparentemente, a maior fragilidade da PME portuguesa para Angola pode residir no factor dependência desse mercado. É claro que, por vezes, essa dependência existe porque a PME que começa a dedicar-se a Angola, ao obter bons resultados, tende a concentrar os esforços nesse destino, descurando eventualmente outros. Primeira lição: não concentrar demasiado num ou dois mercados, mas diversificar estrategicamente em vários destinos, sobretudo em vários continentes: Europa (é natural, está próximo, é como se fosse a extensão do mercado interno); África (PALOPs, mas não apenas um destino); América Latina (Brasil, mas não só); América do Norte (EUA é essencial não descurar); Ásia (existem vários destinos a experimentar: China e Índia são potenciais, têm as classes médias a surgir); Médio Oriente (certos países do MO têm elevados consumos per-capita, indicador a não desprezar). Finalmente, refere-se o Japão, destino a não perder para produtos mais sofisticados, por exemplo, vinhos.
O valor do mercado Angola para as exportações portuguesas não pode ser ignorado: passou de 2,2 mil milhões de euros em 2009 para 3,1 mil milhões em 2013 e o ano de 2014 deve ter terminado com um montante um pouco acima. Angola representa o 4º mercado para Portugal, com 6,6% do total. O nº de empresas que vendem para lá ultrapassavam 9.400 em 2013. A parte que corresponde a PMEs não é conhecida, mas provavelmente elas estão em maioria. A participação das empresas por grupos de produtos começa nas máquinas e aparelhos (25%), produtos alimentares (16%), metais (12%), químicos (7,2%) e produtos agrícolas (7%). Isto significa que estão representados os principais grupos de produtos das exportações portuguesas.
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