Sobre as perspectivas das PME portuguesas para 2016, que estão relacionadas com as perspectivas macroeconómicas e com a procura externa, muito haveria para dizer, mas todos têm receio de fazer previsões. Primeiro, porque as previsões macroeconómicas das autoridades competentes (Governo, Banco de Portugal, Comissão Europeia, FMI) não coincidem, embora estejam perto umas das outras. Segundo, porque à volta dessas previsões surgem demasiados comentários. Ironicamente, até há quem diga, que parece haver mais gente a prever e a comentar do que a trabalhar para o PIB. Mas isto é o que dizem as pessoas na rua, sempre em exagero. No entanto, também há pessoas que dão muita importância ao que surge nas TVs, mas desconhecem o que se passa no país real (porque não sabem ou não tentam saber). E o que se passa de facto nas PME?
Em primeiro lugar, eu apenas sei o que se passa à minha volta, como por exemplo: hoje reparei que aqueles dois restaurantes que estavam nos últimos tempos quase às moscas fecharam; o restaurante japonês que abriu há dois anos em frente da minha casa não tem praticamente clientes; a pequena mercearia que existe por debaixo do prédio onde vivo não liga a luz ao fim da tarde há imenso tempo (para poupar energia) e nunca mais encerra, porque o dono não a consegue trespassar; por sua vez, o dono do café-restaurante mais conhecido na rua onde vivo deixou de servir jantares (só serve almoços) por falta de clientela; telefonei ontem para um estofador da minha zona e ele disse-me que estava a encerrar a actividade (iria para a terra e sentia-se um felizardo por ter para onde ir); uma professora de piano que conheço há alguns anos teve durante toda a vida em sua casa imensos alunos em idade escolar, mas desde 2010 assistiu à redução dos alunos habituais e no início de 2012 já só tinha três miúdos pequenos e um deles a preço de amizade (os rendimentos da professora passaram a ser mais reduzidos porque os dos pais dos alunos também, como é óbvio). Actualmente a professora só tem um aluno.
Ora isto que eu descrevi (porque vi) não são PME, são micronegócios (alguns em economia paralela). A própria comunicação social (TVs) apresenta frequentemente casos, mas são quase sempre micronegócios, por vezes ideias brilhantes. De facto, ninguém sabe bem o que se passa nas verdadeiras PME com problemas e os governos, todos os anos, lançam medidas diversas para as apoiar, no entanto, no ano seguinte, as empresas necessitam de novas medidas de apoio. As PME surgem na comunicação social quando são exemplos de sucesso (e ainda bem, mas são casos pontuais). As PME também surgem na comunicação social quando estão praticamente em insolvência ou quase insolvência, com trabalhadores a protestar. Deveria talvez concluir-se que as PME não estão a ser suficientemente apoiadas, ou estão a sê-lo de forma errada ou, no mínimo, inadequada! Porque a situação de muitas PME não vem só da crise. Tem origens mais profundas. O anúncio de governos a dizer que vão lançar ou já lançaram medidas é recorrente. As grandes empresas são casos à parte, surgem frequentemente analisadas nas Revistas da especialidade, são classificadas entre as 1000 maiores (aliás muitas destas são médias empresas), mas as PME com problemas são pouco conhecidas. Será que as autoridades conhecem os seus verdadeiros problemas? Anuncia-se quase sempre que se trata de falta de financiamento. Serão só problemas financeiros? Então como é que existem os casos de grande sucesso, por vezes casos brilhantes, entre as PME? Será apenas porque ultrapassaram o problema do financiamento? Ou serão as razões do sucesso de outra natureza?
As PME constituem cerca de 99% do tecido empresarial português não financeiro. É também importante que todos saibam que são as PME que dão emprego à maioria dos trabalhadores portugueses (mais de 70%), portanto o crescimento do emprego está dependente delas. Também o crescimento do consumo interno depende das PME, porque se estas empresas não remuneram bem os trabalhadores, estes não consomem de modo suficiente (ou consomem pouco) e se muitas PME encerram é francamente mau para os trabalhadores e para a economia. Acresce que também são as PME as responsáveis por grande parte do volume de negócios (cerca de 60%). Entre as PME, porém, só 10% são exportadoras, mas contribuem com 40% do volume de negócios do total de PME. Visto noutra óptica, das empresas exportadoras quase 70% são PME, embora representem menos de metade do total exportado. Ou seja, apoiar as PME em Portugal é fulcral, é quase chave, porque elas detêm a grande maioria do emprego e também porque representam quase 70% das empresas exportadoras. Mas apoiar de qualquer modo, não! Apoiar da forma correcta sim! Para apoiar da forma correcta deveriam as autoridades saber quais são os seus problemas de fundo. Porque é que muitas PME falham? Porque é que quase sempre (e não só com a crise) uma grande parte das PME tem problemas financeiros? Não foram detectados outros problemas importantes? Pelo menos a falha em relação à formação parece ter sido já detectada, uma vez que existem há muitos anos programas de formação para as PME. É que, provavelmente, os outros problemas em que estou a pensar poderão ser de difícil e morosa solução. Mas deviam ser ditos e enfrentados. Os tais problemas de morosa solução são os seguintes, em meu entender: falta de um bom marketing estratégico em muitas PME e, para muitas das exportadoras, falta de um bom marketing global estratégico; e ainda, em muitos casos, deficientes organização e gestão. É por isso que, por vezes, se destacam imenso os casos de grande sucesso, como o do sector do calçado, onde se verificou inovação (design), criatividade e marketing. Até quando é que este sector de sucesso será o único?
Vejamos o problema da falta de um bom marketing estratégico, apresentando um exemplo muito antigo. A seguir à II Guerra Mundial, as empresas na Alemanha iniciaram a sua recuperação e quer as grandes empresas, quer as PME, para além da inovação nos produtos, começaram imediatamente a fazer um bom marketing, baseado no lançamento de marcas, lançando mão, à época, de estratégias de marketing, então mais fáceis do que hoje, sem dúvida. O que existiu sobretudo foi muita inovação, criatividade e marcas quanto mais únicas melhor. Claramente que ser único na altura era mais fácil. Mas pensar que foi fácil é muito redutor, porque o que aconteceu foi grande inovação, o que é bem difícil. Custa citar o exemplo alemão, no momento em que existe tanta confusão entre os países do euro. Mas as PME exportadoras alemãs foram a base do sucesso daquele país nesses anos já distantes.
Estou a destacar este exemplo tão antigo, porque me parece que, na era da Internet (em 2015, 96% das empresas portuguesas já tinham Internet), das Redes Sociais e do marketing associado, tais como o CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente), o Inbound Marketing e o SMarketing, poderia ser por estas vias inovadoras que as PME exportadoras portuguesas viessem a apostar nos mercados internacionais, pelo menos como complemento ao seu marketing tradicional. Assim, sugiro que consultem os interessantes "posts" da consultora
Nível Horizontal, nomeadamente três que considero essenciais: (1) “
A Importância das Redes Sociais para as Empresas”; (2) “6 Dicas para SEO
(Optimização de Sites) para Websites do Mercado Internacional e Exportação”; (3) “Exportar -
Construir a Máquina de Marketing e Vendas do Futuro”.
Finalmente, deixo alguns conselhos para o aumento da criatividade nas PME, conselhos retirados de certos autores do livro "Marketing Genius": uma situação de crise pode levar a novas ideias; faça menos coisas mas faça-as melhor; crie o seu futuro concretizando o presente; descubra as suas vantagens; crie propostas atraentes para os clientes; adopte a transparência no preço; explore o seu Website com as técnicas inovadoras já existentes. Senhor empresário de PME conheça o
Portugal 2020.