Em relação a um país, tem que se pensar em termos macroeconómicos, obviamente, e as soluções são baseadas em estudos de longo prazo e normalmente conduzem a reestruturações das economias para estas se encaminharem, entre outros objectivos, para a produção de novos produtos (ou produtos existentes mas mais sofisticados - em Portugal aponta-se o exemplo do calçado) o que pode envolver novas indústrias. As novas indústrias em Portugal foram conduzidas durante décadas (salvo algumas excepções) por investimento directo estrangeiro. Acontece que o investimento estrangeiro é feito por empresas internacionais que, naturalmente, têm como objectivo a expansão dos seus negócios em termos de rentabilidade do capital (envolvem deslocalizações como se sabe). Eventualmente, os governos dos países conseguem atrair com sucesso os investimentos estruturantes, mas nem sempre estes são pensados para revitalizar as economias.
Ora acontece que, em Portugal, já foi feito um estudo pela SAER que teve como novidade ter analisado o nosso país através do olhar português do Prof. Dr. Ernâni Rodrigues Lopes (meu antigo colega de Económicas). Esse estudo (que não conheço em detalhe e a sua menção é da minha inteira responsabilidade) aponta essencialmente, pelo que então li na comunicação social, para o aproveitamento dos nossos recursos (com destaque para os do mar) e nomeadamente da nossa posição geográfica (costa do Atlântico, acesso privilegiado a outros continentes, etc.). Posso estar enganada, mas ainda não senti que essa visão tenha sido francamente aproveitada pelo sector privado. Talvez por essa via (sector mar), entre outras possíveis, se pudessem objectivar, a longo prazo, a revitalização e o relançamento da economia portuguesa e o seu crescimento sustentado, conduzindo a novas indústrias exportadoras com vantagens comparativas que, gradualmente, pudessem conquistar mercados externos. É claro que o sector privado teria que ser incentivado pelas entidades competentes do país, uma vez que se trataria de actividades completamente novas e com necessidades de financiamento. Difícil? Sim! Impossível? Não me parece. Acresce que, recentemente, a Saer, no Relatório de Março deste ano, na sua análise conjuntural tem um artigo intitulado "Em Busca de um Novo Paradigma de Crescimento".
Finalmente, e no que refere ao tema principal deste "post", não posso deixar de salientar, na actuação de curto prazo, um aspecto que já é um lugar comum: as PME exportadoras têm que ser apoiadas, pois constituem uma grande parte do tecido exportador português. Em 2004 as PME (exportadoras e não exportadoras) subiam a 99,9% do total e em 2013 (último ano conhecido - fonte: Pordata) continuavam a ser 99,9%. Mas o importante é que do total de PME as microempresas eram 96,2% (2013), as pequenas empresas eram 3,2% e as médias somente 0,5%. É com este tecido empresarial que, neste momento, Portugal pode e deve contar.
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