Práticos de marketing e académicos têm-se interessado na segmentação global de mercado, desde há várias décadas. No final dos anos 60 observadores sugeriam que o mercado europeu podia ser dividido em três grandes categorias – sofisticados internacionais, semi-sofisticados e provincianos – apenas na base da previsível receptividade dos consumidores a uma abordagem publicitária comum. Lembro-me de, nos anos 70, ter conhecido “marketers” em Portugal que mencionavam esta divisão. Outros observadores sugeriam que alguns temas – por exemplo, o desejo de ser belo, o desejo de ser saudável e não ter dores, o amor da mãe pelos filhos – eram universais e podiam ser utilizados em publicidade em todo o mundo. Esta é a forma como as campanhas de publicidade norte-americanas encaravam então os consumidores europeus. A situação evoluiu, desde então, até porque as campanhas alargaram-se para outros continentes. Uma coisa é certa, a situação tem sempre que ser analisada. Se estiver a achar que tudo isto dá trabalho tem razão! Mas há boas e más notícias. As boas são: conhecer os seus clientes permitir-lhe-á tomar decisões informadas, inteligentes e eficazes. As más notícias são: se não conhecer a fundo os clientes, ficará fora de jogo (O Livro Azul da Publicidade, Edição Casa das Letras, 2008).
Há cerca de um quarto de século, o Prof. Theodore Levitt avançou a tese de que os consumidores, em diferentes países, procurarem cada vez mais a variedade e de que os mesmos novos segmentos provavelmente surgiriam em múltiplos mercados nacionais. Assim, por exemplo, as comidas étnicas ou regionais, ou as pizzas podiam ter procura em todo o lado. Levitt sugeriu que esta tendência, conhecida por pluralização do consumo e simultaneidade de segmentos, conduzia a oportunidades para os “marketers” prosseguirem num ou mais segmentos à escala global. Esta conclusão mantém-se actual e é útil para o marketing das PME’s portuguesas.
A segmentação global de mercado baseia-se na premissa de que as empresas devem tentar identificar consumidores em diferentes países que partilham necessidades e desejos semelhantes. Contudo, o facto de um significativo número de consumidores que, por exemplo, gosta de pizza ser encontrado em muitos países não significa que os consumidores estejam a comer a mesma coisa. Cada país serve as pizzas com ingredientes próprios, adaptados às necessidades e gostos dos consumidores locais.
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