As PME exportadoras sabem que exportar mais tem muitas exigências e que não podem esperar muito das autoridades (leia-se Estado). Isto porque quando surgem incentivos do Estado, estes estão sempre envoltos em muita burocracia: antigamente era papelada, hoje é mais fácil por ser quase tudo online mas é burocracia na mesma. De facto, a burocracia é necessária, porque os incentivos financeiros e fiscais têm que ser devidamente comprovados para haver completa transparência nos processos. Mas a burocracia, que alguns dizem ter sido aligeirada, é frequentemente pesada e morosa. Muitas empresas sabem bem lidar com estes processos, mas outras (muitas das PME) não sabem tão bem e levam mais tempo do que o desejado.
Actualmente, em Portugal, a situação das PME é difícil porque muitas dependem mais do mercado interno do que das exportações e o mercado interno está em recessão. Para superar isto, não se pode continuar só com a política orçamental para reduzir o défice, é necessário (é já um lugar comum dizer isto) tomar medidas que contribuam para reduzir o emprego e promover o crescimento. Mas como? É francamente raro ouvir ou ler alguém que aponte medidas. Este último fim-de-semana, o Prof. Daniel Bessa, na sua habitual coluna no Expresso Economia, apontava três possíveis medidas: "Baixar consideravelmente a taxa de IRC sobre lucros reinvestidos. Baixar consideravelmente a TSU para trabalhadores que configurem aumentos líquidos de postos de trabalho na empresa que os admite". Esta segunda medida foi, aliás, apontada por alguém da minha família próxima que ainda não está desempregado... Eis a terceira medida do Prof. Daniel Bessa: "Adoptar, e anunciar ao mundo, uma política fiscal extremamente agressiva para 'start-ups' e, em geral, para todas as empresas criadas de novo". Daniel Bessa continuou a sua coluna argumentando que não tem a certeza se estas medidas irão agravar assim tanto o défice (como muitos irão contra-argumentar), talvez até pelo contrário, acrescentou. Em segundo lugar escreveu que "é preciso fazer alguma coisa". Finalizou referindo: "Por último, a 'troika' tem de as permitir - sob pena de se tornar corresponsável por um desastre de ainda maiores proporções do que aquele que se anuncia".
Esta coluna do Expresso Economia vem-me neste momento à memória, porque por vezes aqueles que nos dão soluções (governo e 'troika') podem a partir de certa altura, em que a situação se deteriora, tornar-se mais parte do problema do que da solução. Acresce que é sempre difícil a quem não tem ideias para medidas inovadoras e relevantes aceitar as que vêm de outrem.
Finalmente, as PME exportadoras precisam que alguém (do governo) se lembre que são elas que têm possibilidade de aumentar as exportações e necessitam de ser incentivadas com verdadeiros estímulos.
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