Existe uma coisa em que todos estamos de acordo: governe quem governar, é preciso exportar mais. Mas nem todos têm verdadeira consciência que a chave do crescimento das exportações está nas PME exportadoras e também, embora menos, nas PME ainda não exportadoras. Porque considero que a chave do crescimento das exportações está nas PME? Porque são elas que representam a grande maioria das empresas exportadoras. Assim, se as PME exportadoras forem incentivadas adequadamente e sem perder tempo com grandes burocracias (fiquem apenas as mínimas para garantir a seriedade dos beneficiários dos incentivos e o controlo da aplicação e dos resultados), as exportações terão melhores hipóteses de crescer.
Entramos agora na questão das PME exportadoras: estão ou não estruturadas de forma moderna para prosseguir na actividade de vender nos mercados externos? É claro que muitas delas estão mesmo bem estruturadas e necessitam fundamentalmente é de financiamento (uma questão que o governo e a banca terão de resolver), mas outras necessitam de analisar o seu próprio funcionamento e adaptarem-se ao tempo actual, quer em termos de produção (inovação, design, processos, etc.), quer em termos de marketing, salientando-se aqui que a Internet veio alterar muito o possível marketing das PME e abrir novas oportunidades. Ou seja, muitas PME exportadoras necessitam de se reestruturar para poder exportar mais, diversificar os mercados externos, organizar a sua distribuição no estrangeiro, posicionar as suas marcas, etc.
Mas também o próprio país, em termos de administração pública, necessita de reestruturação. São as tão faladas reformas que os governos anunciam que vão implementar e que têm por objectivo, essencialmente, reduzir a despesa pública. Mas é claro que essas reformas também visam modernizar e tornar os serviços públicos mais eficazes, pelo menos assim deveria ser. Sobre a redução da despesa, fala-se muito em que o governo pretende melhorar a situação do défice através desta via, mas não o tem conseguido. Não vem este assunto a propósito de exportar mais, mas vem a propósito de reestruturar, porque leio muitas críticas sobre as falhas nas reformas da administração pública, mas leio pouco sobre verdadeiros contributos para pensar melhor sobre "como reduzir a despesa". No entanto, esta semanas li mesmo um contributo no Expresso Economia. Mais uma vez trata-se da coluna do Prof. Daniel Bessa, cujo conteúdo faz pensar.
O Prof. Daniel Bessa escreve: "Reduzir custos obrigará, na minha opinião, a uma discussão franca e aberta sobre as funções do Estado ". Prossegue o seu artigo com várias questões: "Pode e quer o Estado português continuar a proporcionar os serviços de educação de que temos vindo a beneficiar? Se não pode, ou não quer, tem de deixar de os prestar (privatizando-os), ou de deixar de os prestar de forma gratuita, para a generalidade da população". A seguir acrescenta que a questão põe-se em termos idênticos para os serviços de saúde e de transporte público, etc. até chegar a um ponto fundamental, à maior área da despesa que é, actualmente, a das pensões de reforma. Em suma, não se pode reestruturar sem pensar com rigor nas funções do Estado. No meio do seu artigo o Prof. Daniel Bessa escreve: "Trata-se de uma questão política, de escolha pública, condicionada por limites globais de ordem económica".
Este artigo do Prof. Daniel Bessa, com imenso valor acrescentado, na minha opinião, deve levar os leitores a pensar que há momentos na História de um país em que temos de fazer escolhas difíceis, porque existem condicionantes de natureza económica e, ainda por cima prementes, para além de questões relacionadas com os verdadeiramente necessitados de apoios do Estado. Os apoios poderiam ser mais relevantes, em termos de resultados, se fossem mais dirigidos e concentrados, por um lado nos aspectos multiplicadores do crescimento económico (sem esquecer naturalmente o aspecto do défice) e, por outro lado, na questão de não deixar cair os mais desfavorecidos.
Voltando ao tema do meu "post", para exportar mais, por vezes as PME têm de se reestruturar e fazer escolhas na sua política empresarial que podem envolver questões relacionadas com a estratégia do negócio. Estará o negócio (produto/s) adequado ao tempo presente? Será que a distribuição no exterior está a funcionar bem ou necessita de ser reequacionada? A marca está bem posicionada? Em suma, termino este "post" afirmando que é necessário que o senhor empresário de PME pense no futuro da sua empresa e não apenas na sobrevivência a curto prazo, ou seja, nos seus planos anuais.
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