Entre os PALOP, aparentemente Moçambique é o que se segue. Digo aparentemente, porque levará muito tempo até atingir a importância que Angola tem como mercado das exportações portuguesas. No entanto, como local para internacionalização de empresas do nosso país já começa a fazer-se notar. Existem já muitos empresários a entenderem bem que África (durante muitos anos considerado o Continente perdido, como diziam alguns amigos meus) será o “futuro próximo” para os nossos negócios se, entenda-se, tudo correr bem no que se refere à internacionalização de Angola em Portugal. Parece importante considerar que o comportamento de Angola no nosso país pode ter influência nas relações comerciais com os outros PALOP.
Para já, se considerarmos que o contributo de África para o PIB mundial não chega a 2%, para cerca de 900 milhões de habitantes (um sétimo da população do mundo) em 54 países e que Moçambique, no contexto de África, representa 2,6% da população (a área territorial de Moçambique é, por coincidência, 2,66% do continente africano), pode dizer-se que as descobertas de carvão e gás neste país assumem grande importância para a sua economia e também pelas perspectivas que oferece no domínio do investimento internacional. Note-se que Moçambique cresceu nos últimos dois ou três anos a 6% ou 7% ao ano e que o FMI prevê que assim continue nos próximos três anos. Este nível de crescimento do PIB só é comparável com os crescimentos das economias emergentes.
Para Portugal, o mercado de Moçambique sempre foi importante, não só pela língua, mas também pelos aspectos históricos. Neste momento, atendendo a estas novas perspectivas torna-se ainda mais relevante. Foi assim com Angola, que se transformou num dos principais parceiros comerciais do nosso país. Note-se que, em relação ao Brasil, mercado emergente que, devido às relações históricas e à língua comum, já deveria nesta altura ser mais importante do que é para as nossas exportações, já tive a oportunidade de aconselhar várias vezes as empresas exportadoras a desenvolverem o Marketing Digital, o Inbound Marketing e o SMarketing (função Marketing em união com Vendas), uma vez que a utilização da Internet no Brasil está bastante desenvolvida e o comércio electrónico está muito activo, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro.
No entanto, com Moçambique há que utilizar o Marketing Convencional. Planear visitas ao mercado (atenção às escolhas da classe de viagem e hotel para evitar custos exagerados), organizar previamente contactos usando entidades em Portugal (AICEP, Câmara de Comércio Portugal/Moçambique, alguns bancos e sociedades de financiamento do desenvolvimento) e também em Moçambique (através de e-mails), fazer orçamentos tão detalhados quanto possível para os primeiros anos do provável negócio, desenvolver contactos com outras empresas e entidades que já têm actividade em ou com Moçambique, para detectar obstáculos e dificuldades, bem como o tempo habitual do retorno do investimento.
Actualmente, Portugal exporta para Moçambique um montante anual seguramente superior a 260 milhões de euros (em 2012, entre Janeiro e Novembro foi de 262.510 mil euros) e o número de empresas portuguesas a exportar é mais de dois mil (em 2011 foi 2039). Os produtos mais exportados são as máquinas e aparelhos (em 2011 constituíram 37,5%), seguindo-se metais comuns (10,8%), veículos e material de transporte (9,1%) e produtos alimentares (8%).
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