quarta-feira, 23 de abril de 2014

PME - Alemanha como mercado importador

A procura de novos mercados para as PME, ou a necessária diversificação para fora da Europa, que contribui para assegurar o futuro das PME, não pode fazer cair no esquecimento o grande mercado europeu importador que é a Alemanha. Se não  vejamos. Continua a ser um país politicamente estável, prevendo-se que vá até ao fim a grande coligação iniciada em Dezembro de 2013, ou seja, deverá durar até 2017, segundo previsões da “Economist Intelligence Unit” (EIU). A coligação terá, porém, de ultrapassar provas importantes, como as eleições para o Parlamento Europeu (Maio de 2014), bem como eleições em relevantes estados da Alemanha (Brandenburg, Saxony e Thuringia, em 2014, e ainda Hamburg e Bremen em 2015). Refira-se ainda que um risco à estabilidade está nos aspectos relativos à zona euro. No domínio económico, a Alemanha continua mais resiliente do que as restantes economias da zona euro. O investimento deverá recuperar com um crescimento médio de 3,5% em 2014-2018, assumindo que se verifique uma retoma moderada da actividade doméstica. Note-se que, segundo as previsões da EIU, o crescimento das importações será superior ao das exportações no período referido. A Alemanha mantém-se como grande mercado importador. Refira-se, por fim, que o país apresenta uma balança corrente positiva, não só devido ao elevado montante das exportações, mas também pelo retorno dos enormes investimentos no exterior.

Portugal e a Alemanha

Outro aspecto em que a Alemanha revela importância está na sua capacidade de continuar a comprar produtos portugueses de qualidade.  Portugal exportou para a Alemanha em 2013 cerca de 5,5 mil milhões de euros, sendo este país o 2º nosso cliente (peso aproximado: 12%). Para a Alemanha, Portugal como comprador tem uma posição claramente inferior, tendo o nosso país sido o 33º cliente dos alemães (um reduzido peso: 0,6%).  Os principais grupos de produtos portugueses exportados para a Alemanha têm sido: máquinas e aparelhos, veículos e outro material de transporte, plásticos e borracha, químicos, calçado, metais comuns, pastas celulósicas e papel, vestuário, matérias têxteis, minerais e minérios, instrumentos de óptica e precisão, madeira e cortiça, produtos alimentares e agrícolas, peles e couros, etc. Em termos mais detalhados (4 dígitos da NC), os produtos que a Alemanha mais compra a Portugal são:  automóveis de passageiros, calçado, pneumáticos de borracha, partes e acessórios de automóveis, aparelhos e receptores para rádio, etc, papel e cartão, partes de máquinas, medicamentos, torneiras, válvulas, etc, circuitos integrados e microconjuntos electrónicos.

Quanto ao investimento directo da Alemanha em Portugal, ele atingiu  3,4 mil milhões de euros em 2013. Infelizmente, provavelmente devido ao ambiente de crise, houve também um desinvestimento elevado (3,5 mil milhões), de que resultou um investimento líquido negativo de 91 milhões de euros. Isto significa que não só é importante atrair investimento, mas também existirem condições que possibilitem ao investimento alemão manter-se em Portugal.
Por fim, olhamos para os fluxos turísticos que Portugal teve com a Alemanha, nomeadamente as receitas provenientes dos turistas alemães (base: hotelaria global). Estas cresceram entre 2009 e 2013, de 753 milhões de euros para 961 milhões, uma variação de 6,3% neste período. Ou seja, o turismo de alemães em Portugal, mercê do contexto geral e do jogo entre as alternativas da concorrência e da oferta portuguesa, continua a funcionar favoravelmente para o lado português. 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

PME - Ter agenda própria em vez de ir atrás de outras agendas

O título do “post” parece um lugar comum, no entanto, é um problema real que o excesso de informação contraria os objectivos de muitos empresários de PMEs. Por vezes sem departamento de estudos para analisar os problemas e encontrar soluções, o empresário tem de fazer tudo, não apenas ser “dois em um” (slogan do século passado), mas “tudo num só”, ou outro slogan mais interessante, conforme quiser. As coisas tornam-se mais sérias quando as PMEs têm elas próprias de vender algo que as pessoas realmente queiram e conseguir delas respeito e confiança para as suas empresas e produtos. Sendo o marketing essencialmente informação, é óbvio que actualmente os consumidores já não são apenas informados pelo “outbound marketing” (marketing tradicional, TVs, etc.), mas também fazem pesquisa na Internert, antes de passar ao acto de compra (em muitas categorias de produtos). As empresas devem assim usar o “inbound marketing”, ou seja “ajudar o seu negócio a ser encontrado” por pessoas que já sabem alguma coisa dos seus produtos, ou sectores.


Este raciocínio, funcionando das PME para os consumidores, ou seja, “admitir que há excesso de informação e escassez de atenção”, penso que pode funcionar também a nível da recepção de informação pelos empresários de PMEs. Por vezes, estes podem cair no erro de não ter agenda própria bem definida, passando muito tempo a aceitar sugestões de instituições financeiras, ou estatais, ou associativas ou mesmo outras, sem as filtrar. Da parte de instituições financeiras, é óbvio que elas promovem os seus produtos financeiros para os seus próprios fins e, claro, pensando nos seus clientes PME e muitos outros, mas da parte de outras instituições é menos óbvio que o seu interesse também seja corporativo e não meramente para apoio dos empresários de PMEs. Importa, assim, filtrar, tanto quanto possível, o que é útil à estratégia e à agenda da PME. Por exemplo, tradicionalmente as missões comerciais e feiras nos mercados externos são sugeridas como opção de relevo para as PMEs. Por vezes, estas acabam por não aderir, por razões de análise custo-benefício e não debatem adequadamente outras opções. Aqui, vale a pena considerar na sua agenda própria outras opções mais modernas. É bom que o empresário de PME admita que “não está tudo inventado”. O pensamento “para quê fazer de novo se algo já foi inventado?” tem a sua utilidade, mas pode não corresponder à realidade. Existem tácticas para exportar quando as feiras não são opção. A Internet e o “inbound marketing” podem proporcionar a possibilidade de estar presente “naquela sua feira” 24 horas por dia, 365 dias por ano. É essencial a abertura de espírito para pensar diferente.