O crescimento económico em Angola, previsto em 8,8% em 2014, deverá ser revisto para 4,6%, devido ao andamento da produção de petróleo na primeira parte do ano. Só em 2015 o crescimento será de 5,5%, mesmo assim muito inferior à previsão ambiciosa inicial de 8,8%. Este crescimento, de capital intensivo e dependente das importações, tem fortes ligações a áreas dominadas pelo sector estatal, nomeadamente a construção e o sector financeiro. O sector não petrolífero, como transportes, indústria ligeira, comércio e serviços, terá rápida expansão, mas a falta de reformas e a sobre-valorizada taxa de câmbio, dará um mau clima de negócios, restringindo o investimento fora dos sectores petrolífero e da construção.
Apesar dos esforços do governo angolano para estimular as pequenas e médias empresas, bem como os serviços, exemplo do turismo (que pode levar à criação do emprego), e ainda esforços para desenvolver um sector privado dinâmico, esses esforços enfrentam obstáculos como seja um fraco capital humano, deficiente regulação, insuficiente fornecimento de energia, elevados níveis de corrupção e ainda a redução (crowding-out) do investimento privado através das medidas do sector público.
O Banco Nacional de Angola (banco central) fez cortes nas taxas de juro por três vezes em 2013, em cem pontos-base, o que reflecte a tendência inflaccionária positiva e uma redução das preocupações em relação ao impacto da legislação sobre o petróleo na liquidez do sistema monetário. A manutenção da inflação a um só dígito continua a ser um objectivo essencial do banco central.
O desempenho do sector petrolífero deverá continuar a ter um impacto substancial no equilíbrio orçamental nos próximos quatro anos. Os analistas estão optimistas em relação aos preços de petróleo em 2014, esperando um declínio de apenas 0,5%, contra a anterior previsão de -1,3%, mas esperam que haja uma queda anual de 3,7% nos próximos quatro anos. Todavia, isto será em parte ultrapassado pelo aumento da produção de petróleo e gás, mas o governo continuará a gastar bastante em programas sociais e nas infra-estruturas, pelo que o orçamento deverá ter um défice médio de 1,4% do PIB nos próximos quatro anos, com apenas um ligeiro excedente em 2015, devido sobretudo ao aumento da produção nesse ano. Angola deverá também continuar a contar com financiamentos e linhas de crédito dos seus habituais e recentes parceiros, nomeadamente China e Brasil.
No sector externo, a posição da balança corrente deteriorar-se-á nos próximos quatro anos, devido ao rápido crescimento das importações (com origem nos investimentos públicos em bens de capital). A actividade relativamente robusta das exportações deverá assegurar a continuação de um grande défice nos serviços e nos rendimentos, atingindo médias da ordem dos dois dígitos nos próximos quatro anos (13,4% em 2014 e 8,7% em 2018). Mas a balança de transferências ficará relativamente estável nos próximos quatro anos. Em geral, os analistas prevêm um excedente da balança corrente de 5,2% do PIB em 2013 a contrair-se para 0,6% em 2016. A seguir, estimam que a balança corrente tornar-se-á deficitária em 2017, chegando mesmo aos -2,8% do PIB em 2018.
Importa ainda referir que este contexto económico é acompanhado, pelo menos até 2016 segundo se pensa, por uma estabilidade política vigorosa, embora o Presidente José Eduardo dos Santos (no poder desde 1979) tenha possibilidade, pela Constituição de 2010, de permanecer até 2022. No entanto, especula-se em Angola (segundo The Economist Intelligence Unit) que o Presidente queira decidir sair antes dessa data, pelo que também se especula sobre o iniciar ou não de uma discussão quanto à sua sucessão. Naturalmente, também existem preocupações no sentido em que uma saída repentina do Presidente possa conduzir à instabilidade, por um possível vácuo poder.
Aproveitar a estabilidade política existente em Angola é naturalmente importante para as empresas que pretendem introduzir-se no mercado, seja através do investimento no país, seja pela via das exportações. Assim, como se depreende do parágrafo anterior, este é o momento para quem ainda não teve oportunidade de se expandir neste país africano de língua portuguesa.
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