A procura de novos mercados para as PME, ou a necessária diversificação para fora da Europa, que contribui para assegurar o futuro das PME, não pode fazer esquecer o grande mercado europeu importador que é a Alemanha, nação com 81 milhões de habitantes, segundo estimativas de 2014. Se não vejamos: apesar dos problemas actuais na Europa, continua a ser um país politicamente estável, prevendo-se que vá até ao fim a grande coligação iniciada em Dezembro de 2013, ou seja, deverá durar até 2017, segundo previsões da “Economist Intelligence Unit” (EIU). Refira-se, no entanto, que um risco à estabilidade está nos aspectos relativos à zona euro. No domínio económico, a Alemanha continua mais resiliente do que as restantes economias da zona euro. O investimento deverá recuperar com um crescimento médio de 3,5% em 2014-2018, assumindo que se verifique uma retoma moderada da actividade interna. Note-se que, segundo as previsões da EIU, o crescimento das importações será superior ao das exportações no período referido. A Alemanha mantém-se como grande mercado importador. Refira-se, por fim, que o país apresenta uma balança corrente positiva, não só devido ao elevado montante das exportações, mas também pelo retorno dos enormes investimentos no exterior.
Portugal e a Alemanha
Outro aspecto em que a Alemanha revela importância está na sua capacidade de continuar a comprar produtos portugueses de qualidade. Portugal exportou para a Alemanha em 2014 cerca de 5,6 mil milhões de euros, sendo este país o nosso 3º maior cliente (peso aproximado: 11,7%). Também a Alemanha é o nosso 2º fornecedor (peso de 12,4% em 2014). Para a Alemanha, Portugal como comprador tem uma posição claramente inferior, tendo o nosso país sido o 33º cliente dos alemães (um reduzido peso: 0,62% em 2014). Os principais grupos de produtos portugueses exportados para a Alemanha têm sido: máquinas e aparelhos, veículos e outro material de transporte, plásticos e borracha, químicos, calçado, metais comuns, pastas celulósicas e papel, vestuário, matérias têxteis, minerais e minérios, instrumentos de óptica e precisão, madeira e cortiça, produtos alimentares e agrícolas, peles e couros, etc. Em termos mais detalhados (4 dígitos da NC), os produtos que a Alemanha mais compra a Portugal são: automóveis de passageiros, calçado, pneumáticos de borracha, partes e acessórios de automóveis, aparelhos e receptores para rádio, etc, papel e cartão, partes de máquinas, medicamentos, torneiras, válvulas, etc, circuitos integrados e microconjuntos electrónicos.
Quanto ao investimento directo da Alemanha em Portugal, ele atingiu 557,5 milhões de euros em 2014. Infelizmente, provavelmente devido ao ambiente de crise, houve também um desinvestimento, de que resultou um investimento líquido de somente 319,4 milhões de euros. Isto significa que não só é importante atrair investimento, mas também existirem condições que possibilitem ao investimento alemão manter-se em Portugal. De notar que, no final de Dezembro de 2014, o stock de IDE alemão no nosso país era de 5,3 mil milhões de euros e, em termos líquidos era de 1,1 mil milhões de euros.
Por fim, olhamos para os fluxos turísticos que Portugal teve com a Alemanha, nomeadamente as receitas provenientes dos turistas alemães (base: hotelaria global). Estas cresceram entre 2009 e 2014, de 753 milhões de euros para cerca de 1,1 mil milhões. Ou seja, o turismo de alemães em Portugal, mercê do contexto geral e do confronto entre as alternativas da concorrência e da oferta portuguesa, continua a funcionar favoravelmente para o lado português.
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