quarta-feira, 9 de setembro de 2015

As PME Exportadoras têm de conhecer a Índia

Mapa da Índia (Wikipedia)
A Índia é o sétimo país em área geográfica e o segundo mais populoso do mundo e também a democracia mais populosa. O crescimento demográfico foi muito elevado nas últimas décadas. Tem actualmente mais de mil milhões de habitantes (1.260 milhões - estimativa 2014). País com longa história, cheia de acontecimentos importantes e variados, que lhe deu grande diversidade cultural e mesmo religiosa. Libertou-se da colonização britânica em 1947 e tornou-se gradualmente na 3ª maior economia do mundo (atrás dos EUA e China) em termos de PIB em paridade de poder de compra (ao PIB nominal tem somente a 10ª posição a nível mundial).

As grandes reformas (sobretudo as de 1991) fizeram deste país uma economia de rápido crescimento. No entanto, ainda existe muita pobreza, com tudo o que lhe está associado (analfabetismo, doença, etc.). Verificou-se também um enorme aumento da população urbana. As três principais cidades (Bombaim, Nova Deli e Calcutá) registavam mais de 10 milhões de habitantes no princípio do século XXI, enquanto que no final da década de 2000, a população das três cidades já subira para 31 milhões. Refira-se que na capital, Nova Deli, ainda existiam há pouco mais de dez anos cerca de três milhões de pessoas vivendo em barracas, sem luz eléctrica nem água canalizada, correndo o risco de incêndios. Entretanto, as mudanças têm sido lentas, porque há que ter em consideração os factores cultural e religioso. Apesar do enorme urbanismo, cerca de 70% da população ainda vive em áreas rurais.

O crescimento económico da Índia é actualmente um dos maiores do mundo, fazendo parte dos designados países emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mas as infra-estruturas são ainda muito insuficientes, o país tem uma pesada burocracia, o que sufoca a economia e impede o desenvolvimento do seu potencial económico.

Sendo o crescimento muito elevado nos últimos anos, a ”Focus Economics" considera que o crescimento real do PIB desapontou entre 2011 e 2013, nomeadamente pelo abrandamento do consumo privado. As estimativas da "Focus" vão no sentido de, na base das despesas e considerando os anos fiscais (Abril/Março), o PIB provavelmente aumentou 7,3% em 2014 e deverá aumentar 7,6% em 2015 e 7,9% em 2016. Todavia, considera também que este crescimento é muito abaixo do potencial. Sobretudo, a "Focus" aponta que existe o risco do sector agrícola poder vir a ser prejudicado pelas monções e que o governo não consiga implementar as reformas necessárias. A mesma fonte refere que no primeiro trimestre de 2015 a economia cresceu menos do que o previsto, ou seja, 7% em vez dos projectados 7,4%.

As relações internacionais entre a Índia e o Paquistão registaram um ligeiro degelo em 2012, pelos modestos progressos verificados na liberalização do movimento de pessoas e bens entre as fronteiras. No entanto, um surto de confrontos fronteiriços em Janeiro de 2013 na disputada região de Kahsmir (quer a Índia quer o Paquistão administram a região em parte, mas reclamam na totalidade) sublinhou a natureza difícil do relacionamento bilateral. No período 2013/17 os problemas de política interna continuarão a preocupar os líderes dos dois países, ensombrando as perspectivas de compromissos. A Índia poderá ter um papel mais importante no Afeganistão, particularmente depois da retirada das forças internacionais deste país em 2014. O aprofundamento das ligações entre a Índia e o Afeganistão é vista por muitos paquistaneses como uma ameaça ao seu país, aumentando as possibilidades que alguns elementos no Paquistão procurem desestabilizar a Índia. Contudo, as relações indo-paquistanesas deverão continuar estáveis, em geral, sem explosões de hostilidades, nem rupturas significativas. Quanto às relações entre a Índia e a China, deverão permanecer calmas. Os laços económicos e comerciais têm-se fortalecido, mas os obstáculos permanecem à medida que as relações entre os dois maiores países da Ásia se intensificarem. Entre as fontes de tensão, contam-se a concorrência pelos recursos naturais, as tentativas para o aumento da influência estratégica nos países vizinhos e disputas fronteiriças de longo prazo. Estes aspectos poderão ensombrar as tentativas para desenvolver uma confiança mútua e expandir o comércio bilateral da Índia no período 2013/17.
Rio Maior da Índia - Ganges
(Wikipedia)

No sector externo indiano, a "Economist Intelligence Unit" (com base nos dados do banco central da Índia) vão no sentido de ter havido um aumento do défice da balança corrente de -4,8% do PIB em 2012, comparados com uma anterior estimativa de -4,4%, considerado o maior défice alguma vez registado. Todavia, de acordo com a mesma fonte, este défice deverá diminuir gradualmente até -2,5% do PIB em 2017, tendo em atenção que haverá um acréscimo dos excedentes na balança de serviços e transferências. A estimativa da Focus para este défice em 2014 era já muito mais baixa, de -1,3% do PIB. Refira-se ainda que o crescimento estimado e previsto das importações da Índia é de 13,6% ao ano entre 2013 e 2017 e para as exportações a previsão é ainda superior, 16,8% ao ano. Contudo, dado que a base das importações é muito superior à das exportações, o défice em 2017 será mais elevado do que foi em 2012. As exportações de serviços deverão manter o seu importante papel no comércio externo indiano, uma vez que o “outsourcing” das tecnologias de informação e o “business process” (terceirização de áreas de negócio) continuará a ser chamariz para as empresas do Ocidente. O défice dos rendimentos será superior ao que era anteriormente, dado que o repatriamento dos lucros das empresas estrangeiras que operam na Índia deverá aumentar. O excedente das transferências aumentará entre 2012 e 2017, tendo origem este aumento nas remessas dos indianos que trabalham no estrangeiro. Toda esta informação, que parece excessiva, destina-se a fundamentar a motivação das empresas para encetarem negócios na Índia, porque as oportunidades existem em muitas áreas, nomeadamente para os produtos portugueses de qualidade, destinados à satisfação das necessidades crescentes de uma classe média emergente, quer no que se refere a exportações quer na internacionalização através do investimento directo. Aliás, regista-se que a Índia continua a atrair investimento estrangeiro de todo o mundo, mas este mercado está também aberto a exportações, como se pode aferir através da sua alargada base actual de importações. 

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