Muitos pensam que, por ter a língua portuguesa, o Brasil é um mercado fácil para as PME portuguesas. Puro engano! As históricas relações entre os dois países são boas para dissertar sobre as mesmas, mas não facilitam mais os negócios para os portugueses do que, por exemplo, para os espanhóis, que falam o “portunhol” ou o inglês. Os países podem ser chamados irmãos, mas de irmãos só têm o “falar” e, mesmo assim, com as diferenças que todos nós sabemos. Ou seja, este mercado tem que ser encarado como outro qualquer destino do continente sul-americano, seja em termos culturais, sociais, ou de desenvolvimento económico.
No entanto, há ainda muita gente a considerar o Brasil como um mercado natural para as empresas portuguesas. Trata-se de empresas de sucesso, cujos gestores contam as suas histórias com gosto e como forma de se promover, o que é de todo compreensível. Quando se aprofunda a forma como tais empresas conseguiram (ou não) penetrar no mercado, começam a surgir as dificuldades que sentiram e que, muitas vezes, não ultrapassaram.
A internacionalização das empresas portuguesas através do investimento no Brasil tem-se verificado, sobretudo após o início da globalização dos mercados. No entanto, este investimento tem sido realizado por grandes empresas, casos aliás bem conhecidos do público através da comunicação social. Já no que se refere às PME, o investimento directo no Brasil é mais difícil.
É nas exportações que as PME portuguesas podem pensar, desde que considerem o mercado como se não fosse o chamado “país irmão”. Ou seja, como em todo o marketing de exportação, têm de estudar o mercado, desde conhecer a concorrência, saber onde estão os clientes potenciais, em que regiões, centros urbanos, etc. Sobretudo saber onde estão (e quem são) os distribuidores, respectivos hábitos de fornecimento , bem como saber quais são os concorrentes brasileiros e estrangeiros que irão enfrentar. Naturalmente haverá que visitar o mercado, em viagens planeadas e com entrevistas preparadas, com o objectivo de conhecer melhor o mercado. A distribuição é um aspecto fundamental a estudar pelas PME portuguesas. Porquê? Porque desde há muitos anos que são os distribuidores que fazem planos anuais de compras ao estrangeiro e, actualmente, utilizam muito a Web. E é aqui que as PME portuguesas podem apostar, porque este tipo de prospecção de mercados (pode chamar-se assim) é muito menos dispendioso do que a participação em Feiras que, normalmente, apenas se realizam duas ou três vezes por ano e, só a participação numa delas é um investimento relativamente considerável para muitas PME.
Em suma, é essencial utilizar a Web para apresentar os produtos, com as necessárias especificações para motivar a venda e proporcionar a tomada de decisões pelo comprador estrangeiro. Os produtos em que estou a pensar não são apenas os actualmente exportados para o Brasil, dos quais destaco o azeite, os sulfetos de minério de cobre, o célebre bacalhau, o calçado, as obras de ferro fundido, os móveis, os vinhos, a cortiça, o vestuário. As exportações das nossas PME para o Brasil poderão alargar-se a muitos outros produtos. Vamos então começar a utilizar a Web?
Sem comentários:
Enviar um comentário