A China exporta para quase todo o mundo, mas é também um grande mercado importador. Entre Portugal e a China, este país fica a ganhar, pois os importadores portugueses compram mais à China do que os exportadores lhes vendem. No entanto, as empresas exportadoras estão a começar a ver a China como potencial comprador, muito embora em valor absoluto e relativo seja ainda pouco relevante. Há cerca de cinco anos, o valor das exportações portuguesas para a China era inferior a 185 milhões de euros e em 2013 foi superior a 650 milhões de euros. A diferença é significativa; refira-se ainda que, em relação ao total das exportações portuguesas, o destino China representava 0,5% em 2008 e em 2013 esteve próximo de 1,5%. Parece quase nada, mas a posição da China como país cliente subiu do 27º para o 12º lugar e em 2012 chegara ao 10º lugar. Primeira e segunda lições: na economia global não existem mercados impossíveis.
As empresas chinesas de maior dimensão já investem em máquinas de origem europeia ou norte-americana se estas trouxerem manifestas vantagens em qualidade de produção (fiabilidade, qualidade do produto final, durabilidade, etc.). Encontram-se, por exemplo, no sector farmacêutico, empresas que utilizam quase exclusivamente equipamento alemão ou italiano nas suas linhas de produção. Acresce que o crescimento da economia chinesa e a evolução das suas empresas implica que o mercado para equipamento industrial tenha uma tendência crescente, o que é um factor a aproveitar. Entre as indústrias portuguesas que poderão encontrar mercados nesta área são as de moldes, peças para máquinas, máquinas e aparelhos e cortiça.
Por outro lado, o aspecto da imagem dos produtos europeus ou norte-americanos começa a assumir na China um certo peso, dado que na sociedade chinesa o estatuto tem uma enorme importância. Os consumidores chineses com algum poder de compra procuram as marcas ocidentais conhecidas. Exemplos de sectores que se encontram neste caso são o vestuário, o calçado, a joalharia, os automóveis e os bens de luxo em geral. Na construção, a utilização de materiais de origem europeia tem peso no preço dos imóveis. Indicam-se algumas indústrias portuguesas que podem encontrar mercado nesta área: têxteis, calçado, vinho, mobiliário e artigos para o lar e ainda materiais de construção. Em relação ao consumidor particular, a classe média emergente e o crescimento do poder de compra têm impulsionado o retalho, com grandes empresas norte-americanas e europeias a abrirem centenas de lojas, cada vez mais procuradas pelo consumidor chinês. Há cinco anos atrás esperava-se que a China se apresentasse como grande concorrente internacional do Japão no segmento de marcas de luxo. Em 2012, o Japão já tinha sido ultrapassado pela China. Existiam previsões em que no princípio desta década deveria atingir 250 milhões o número de chineses potenciais consumidores de marcas de luxo. Há menos de dez anos (2009) as 100 principais marcas de luxo do mundo tinham aberto cerca de 1340 lojas na China em 44 cidades. Refira-se por fim que o comércio digital (Inboud Marketing, Smarketing, etc.) terá um lugar importante neste cenário. Quem produz marcas de prestígio em Portugal pode e deve experimentar o destino China.
Sem comentários:
Enviar um comentário