terça-feira, 28 de agosto de 2012

Guerra Económica e Marketing de Guerra

No regresso das férias de Agosto (para quem escolheu este mês), os consumidores portugueses irão provavelmente encontrar algumas diferenças nas grandes superfícies comercias. Isto a propósito do que se passa no grande comércio em relação à conquista de clientes em todos os segmentos e sobretudo com a recente hipótese de se caminhar para uma espécie de guerra aos cartões de plástico (só em pequenos montantes). Assim, lembrei-me de escrever um pouco sobre o tema e lembrei-me também que existe em Paris, desde 1997, a "École de Guerre Économique", cujo director, Christiam Harbulot, defende que os governos actuais, na sua maioria entenda-se, não procuram já (e há mesmo muito tempo...) conquistar territórios ou estabelecer o seu domínio sobre as populações, mas sim construir um potencial industrial e comercial capaz de trazer divisas e empregos para os respectivos territórios. C. H. acrescenta que o desenvolvimento da globalização transformou uma "amável", limitada e enquadrada livre-concorrência numa hiper-competição generalizada. E foi assim que chegámos a mais uma Guerra Económica a que, segundo C. Harbulot, ninguém escapa, mesmo os que a ignoram. Sobretudo estes são os que menos lhe escapam! Aliás, são muitos os que consideram que a globalização, inevitável a partir de certa altura do desenvolvimento da comunicação entre os povos (a que naturalmente não foi alheio o avanço tecnológico), a globalização, dizia eu, deveria ser controlada a nível inter-governamental, pois os seus efeitos adversos poderão tornar-se insuportáveis para a estabilidade económica e política entre as nações.

Mas, deixando para os grandes analistas de economia o tema da Guerra Económica, é sobre o Marketing de Guerra que me vou debruçar neste momento. Com aquele título, Al Ries e Jack Trout escreveram um célebre livro há já muitos anos (1986 - McGraw-Hill Inc.), que começa por afirmar: marketing é guerra. Passados 20 anos editaram novo livro (na imagem) em que o conceito então inovador já se tornara um clássico. Mas é claro que a noção clássica de marketing afastava-se muito desta noção tão radical mas tão actual (as coisas continuarão a mudar). Também não irei propriamente  demorar-me nestes aspectos ainda hoje.

Mas o que se está a passar em Portugal com os cartões de débito e crédito nas grandes superfícies (pelo menos nalgumas) é uma guerra aos cartões de plástico no que respeita aos pequenos montantes (muito utilizados nos últimos anos), ou seja, é uma guerra aos operadores de cartões e às suas comissões. Na prática, trata-se de tentar passar as receitas dos operadores para as poupanças das grandes superfícies, por questões de rentabilidade destas últimas. A ironia disto tudo é que os clientes, ou seja, os  consumidores das classes média e média-baixa e os consumidores (com consumistas pelo meio) da classe média-alta, não podem fazer nada contra isto e muitos nem sentirão a alteração. Julgo que as grandes superfícies fizeram contas e devem ter analisado as consequências para os clientes e os prováveis comportamentos futuros dos consumidores na decisão de escolha do supermercado onde fazer compras. Acresce que muitos consumidores já estão habituados às compras a dinheiro nas pequenas lojas de bairro que há já algum tempo desistiram (os que chegaram a ter) dos equipamentos de multibanco.

Para terminar o "post", afirmo que este tipo de guerra irá continuar, com o objectivo de conquistar os clientes para os respectivos negócios. É que, a não ser exportando, os clientes no mercado doméstico são sempre os mesmos (a curto prazo). Há que manter os seus clientes e conquistar os da concorrência, como é óbvio.

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