sábado, 28 de maio de 2016

Exportações das PME - Motor do crescimento?

Analistas económicos vários admitem, frequentemente, que as exportações poderão ser o motor do crescimento económico, como o foram anteriormente em certos períodos em Portugal. Por seu lado, os governos têm dificuldade em incentivar as exportações, sobretudo quando o financiamento escasseia. É claro que utilizam os programas comunitários, mesmo com as dificuldades burocráticas. No que respeita às grandes empresas, essas têm possibilidades de desenhar estratégias de exportação e executá-las (prospecção de mercados, participações em feiras importantes, visitas a grandes clientes potenciais, etc. - Marketing de Exportação), mas as PME, pela sua natureza e dimensão, exportam baseando-se sobretudo nos seus bons produtos e tendo também por base os clientes habituais conhecedores dos mesmos; acresce que as PME têm maiores dificuldades em exportar para novos mercados. Ora, há muitos anos que se sabe que a diversificação é a essência das futuras vendas ao exterior, pelo que "novos mercados são necessários".

Há algum tempo, li num suplemento económico de um jornal de relevo um artigo com um subtítulo interessante, "No Diversificar é que está o Ganho". A certa altura do texto referia-se, por exemplo, que "O bom desempenho das exportações nacionais tem sido conseguido à custa da aposta em novas latitudes e os Estados Unidos da América, a China, países da América Latina e algumas ex-colónias, como Angola e Moçambique, apresentam-se como mercados fulcrais para combater a estagnação de consumo vivida dentro do espaço europeu". Isto foi válido durante muitos anos e não há dúvida que "mais vale tarde que nunca". Foi assim que o PALOP Angola se tornou em poucos anos um dos principais parceiros comerciais de Portugal (chegou a 4º lugar nas exportações, não obstante tenha caído em 2015 para a 6ª posição). Todos os outros mercados mencionados são ainda muito fracos e quanto aos mercados europeus, alguns estão mesmo a regredir. Por outro lado, falar na China é importante, mas os exportadores portugueses ainda não sabem, com relativa precisão, como exportar para lá. Os EUA estão longe de alguma vez terem sido plenamente aproveitados, mas para este país já as PME sabem exportar. Quanto aos países da América Latina, ao contrário de Espanha que sempre lidou bem com esses países (para Espanha são quase mercados naturais) Portugal esteve demasiado tempo de costas voltadas, excepto no caso do Brasil, um importante país da CPLP, mas que agora está em plena crise. Acresce que os mercados da América Latina estão muito ávidos de investimento estrangeiro e o que a Portugal neste momento mais interessa para as PME são as oportunidades de exportação.
Porto de Sines
Assim, vou passar a analisar um pouco o andamento das vendas ao exterior nos últimos anos para os tais mercados da chamada diversificação: os EUA em 2001 representavam 5,5% das exportações portuguesas e, em 2015, a quota mantém-se aproximada (5,1% - este mercado existe para Portugal há muitos anos, mas não tem sido bem trabalhado pelas empresas,  por ser mais difícil e afastado do que os mercados europeus, tão próximos); o Brasil representava em 2001 cerca de 0,8% do total exportado por Portugal e no início desta década chegou a 1,4%, tendo caído de novo para 1,1% em 2015, ou seja, a quota portuguesa poderá crescer muito mais se o Brasil regressar ao crescimento económico; a Argentina é um mercado cuja quota, já de si diminuta, desceu de 0,2% (2001) para 0,1% (2010 e 2012) para ficar novamente perto de 0,2% em 2015; a Colômbia, outro mercado em expansão na América Latina, passou de uma posição tão reduzida como 0,02% (2001) para ficar praticamente na mesma no início da década (0,03% em 2011) e subir para 0,12% em 2015, o que pode ser considerado muito bom; a Venezuela foi o único mercado da América Latina em que Portugal aumentou a quota de 0,1% (2001) para 0,4% (2010 e 2011) e quase 0,7% em 2012, mas baixou para 0,3% em 2015 (a Venezuela é um mercado pouco significativo para Portugal e de momento encontra-se numa crise muito grave); a China (economia em expansão há muitos anos) passou de uma quota de 0,2% em 2001 para 0,6% em 2010 e chegou a 1,7% em 2015, o que, sendo uma percentagem reduzida, representou um esforço das empresas exportadoras, pouco habituadas a enfrentar mercados geograficamente afastados e diferentes. É claro que existem mais países para onde diversificar, entre eles os do Magreb (com a Argélia, Marrocos e Tunísia a crescerem em quotas de mercado, não obstante serem diminutas) e do Golfo (com a Arábia Saudita a estabilizar a quota de mercado e os Emirados a aumentar ligeiramente entre 2001 e 2015). Em suma, fora da Europa e não contando com Angola, que chegou ao 4º lugar nas exportações portuguesas, mas que desceu para 6º em 2015, e que também começou com problemas económicos graves, fora da Europa, dizia eu, todos os outros países têm reduzidas participações relativas, o que vai exigir um esforço de prospecção por parte das empresas, de visitas a feiras e aos principais compradores, enfim, a utilização plena do marketing de exportação. Para terminar refiro que "nunca é tarde para começar ou recomeçar" e desta vez seria desejável que as PME usassem a Internet de modo muito profissional, porque têm surgido novas possibilidades para aumentar os lucros das empresas. Quer saber como multiplicar os lucros do seu negócio?

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