Os consumidores iniciais (early adopters), ou seja, aqueles que surgem aquando da formação do mercado por uma empresa pioneira, têm que ser conquistados de modo muito diferente daquele que é necessário quando se ultrapassa a fase inicial do lançamento do produto. Vejamos o caso do blackberry.
O blackberry, dispositivo essencial para quem quer aceder ao seu email em qualquer lugar, foi apelidado de crackberry, devido à obsessão dos utilizadores pelos seus pequeninos equipamentos pretos. Eles tornaram-se essenciais, um vício no trabalho diário e na vida social, e os seus donos levam-nos para todo o lado, nos transportes, quando vão à praia e até a reuniões. É mesmo preciso ter força de vontade para conseguir desligar o blackberry.
O blackberry é produzido por uma pequena empresa com sede em Ontário chamada Research in Motion. O pessoal da empresa – tímido, sério e um tanto fora dos padrões – passou uma década a fazer experiências com o aparelho antes de lançar a primeira versão em preto, em Janeiro de 1999. A empresa precisou de ter paciência. As tecnologias de suporte já estavam disponíveis há alguns anos, mas a Research in Motion julgou, no início, que as pessoas não estavam preparadas para enviar e receber emails em movimento. Contudo, o aumento da popularidade do trabalho via telemóvel e a conectividade possibilitada pelo crescente uso do SMS, mostraram então que muitas pessoas estavam prontas para se manterem constantemente conectadas aos seus emails.
Ao introduzir o blackberry, a equipa focou-se nos grupos que trabalham com a área do conhecimento. Uma das técnicas favoritas era distribuir blackberries a executivos em grandes eventos, como conferências, para que usassem de graça durante o dia. Resultado, em vez de prestarem atenção às palestras, os participantes ficavam o tempo inteiro ligados aos aparelhos. Isto porque uma vez que se utiliza o blackberry, é difícil parar e, de facto, muitos executivos compraram o equipamento ao final do dia, antes mesmo de mandarem os seus gerentes de compras elaborarem um plano empresarial. Mesmo que o facto possa ter sido desconcertante para os conferencistas, os participantes estavam ligadíssimos aos novos aparelhos.
Em poucos meses, muitas grandes empresas livraram-se dos PalmPilots, modelo padrão que usavam anteriormente, e substituíram-nos pelos blackberries. Mesmo com o colapso do mercado tecnológico em 2000, quando o valor das acções da Research in Motion sofreu uma queda temporária de 90%, as receitas da empresa mantiveram-se a subir a um ritmo enorme. O fundador da Research in Motion, Mike Lazardis, foi bem sucedido ao ocupar um espaço em branco no mercado e transformá-lo num “hot spot” (produto de sucesso), onde os players mais antigos encontraram dificuldades em competir (Fonte: “Marketing Genius”, Peter Fisk, 2006).
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