Entretanto, os canais têm vindo a apresentar mais valor por meio de personalização e de ofertas de produtos e serviços complementares, como por exemplo: portais online; TV interactiva e “wireless”; empregados e associações, como sindicatos e conselhos de diferentes categorias profissionais; lojas de bairro; serviços personalizados de facilidades; etc.
Os canais estão hoje em dia mais “do lado” dos clientes do que dos fornecedores e representam primeiramente o comprador na busca do produto certo com o preço certo. Canais “invertidos” regra geral têm uma grande afinidade com o cliente – expressa na construção de uma compreensão das suas necessidades e na busca de uma solução. Eles aparentemente têm um carácter mais local, mais conveniente e de maior confiança.
Imaginemos a loja da esquina onde costumamos comprar o leite, o pão e o jornal e que agora também oferece limpeza a seco e uma caixa electrónica e que, de repente, passou a vender de tudo, desde bilhetes de transportes, bilhetes de jogos de lotaria e outros, flores e fotocópias, etc. Imaginemos a associação de profissionais que nos oferece cartões de crédito, produtos financeiros, seguros e outros produtos.
Por isso, um passo a ser dado, além da gestão multicanal é a inovação do canal. Uma das abordagens adoptadas é a desconstrução dos atributos de cada canal – por exemplo, a habilidade de arranjar soluções para o cliente, as várias opções disponíveis, as sugestões oferecidas, os produtos complementares disponíveis, o método de entrega, a velocidade das operações, as opções de pagamento, etc. – e então reagrupá-los num novo formato, mais apropriado para os grupos de clientes-alvo.
Imaginemos vários tipo de canais:
- Um supermercado self-service na nossa rua, em que podemos comprar pão e leite nas 24 horas do dia.
- Aconselhamento especializado de um consultor financeiro com toda a conveniência online, a qualquer hora.
- Um restaurante em que nos podemos sentar à mesa e servir-nos de tanta cerveja quanta conseguirmos beber de uma torneira instalada na mesa e pagar um valor fixo.
- Fazer as nossas compras semanais num supermercado, entregar as mercadorias a alguém da loja que passa tudo na caixa, leva e entrega-nos as compras.
Tudo isto existe hoje em dia, como exemplos da fusão de pontos dos diferentes canais para melhorar a conveniência e a experiência dos clientes, para motivar vendas marginais e reduzir custos. Lembremo-nos das chamadas “lojas de conveniência” que encontramos espalhadas pela cidade.
O mercado de viagens ilustra como a paisagem dos canais se alterou bastante. Há dez ou doze anos atrás, uma companhia aérea, um hotel, ou empresa que vende pacotes de viagem não se arriscaria a dizer aos seus clientes que eles poderiam comprar os bilhetes directamente da companhia, em vez de ter de recorrer a um agente de viagens convencional. Os fornecedores temiam a reacção dos intermediários e, em particular, a das grandes cadeias de agências de viagens. As companhias pagavam grandes comissões e incentivos a esses agentes, sempre com 15% do preço da passagem e deixando pouco espaço para o negócio garantir uma margem de lucro.
Mas os tempos mudaram. Com a ruptura gerada pelos participantes online, com a entrada das companhias de baixo custo e também com as terríveis práticas económicas da indústria, as companhias aéreas foram forçadas a tomar uma atitude radical. Os canais directos passaram a ser a norma, intensamente promovidos e oferecendo as melhores tarifas, ao mesmo tempo que as comissões foram maciçamente reduzidas. Muitos dos tradicionais intermediários tiveram de lutar para sobreviver – por exemplo, a Amex passou a concentrar-se nas transacções com cartões de crédito e a Thomas Cook tornou-se uma companhia de voos fretados. As companhias aéreas entraram na onda “high-tech”, motivando vendas online e viagens sem passagem. Este tipo de transformação dos canais de distribuição designa-se frequentemente “inversão de canais”.
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